sexta-feira, 13 de maio de 2011

Caetano Veloso abraça nova geração com Maria Gadú

Não me amarra dinheiro, não - mas formosura.» É com este verso e alguma ironia no canto da boca que o homem de 68 anos e a menina de 24 abrem o programa conjunto «Caetano e Maria Gadú - Multishow ao Vivo», que irá para o ar no dia 22 de Maio.
Gadú estreou-se em 2009 com um álbum que já vendeu cerca de 200 mil cópias, puxado sobretudo pelo hit «Shimbalaiê», que compôs quando tinha dez anos.
Caetano Veloso, ao contrário, vem de dois dos trabalhos menos populares da sua carreira: «Cê» (2006) e «Zii e Zie» (2009). Eram sombrios e experimentais demais para o público das rádios.
«Este é previsivelmente um evento de boas consequências comerciais», diz Caetano. «Gadú é um fenómeno espontâneo de popularidade.»
Números à parte, o dueto reforça a intervenção de Caetano na nova geração da MPB.
Se músicos menos populares, como Romulo Fróes e Tatá Aeroplano, assumem a influência de Caetano pós-«Cê» nos próprios trabalhos, este é o momento de o veterano abraçar também os novatos com vocação para as massas.
Caetano é o único artista da geração 1960 que promove diálogo directo com a nova safra, dizem Fróes e Tatá, músicos «impopulares».
No extremo oposto da escala de sucesso, Gadú concorda. «Não posso responder em nome de uma geração inteira, mas Caetano é 'trocador' em muitos sentidos - de música a interesses do dia a dia», explica. «Encontramo-nos na rua, nos lugares, nos concertos de todo o mundo.»
O veterano conta, por sua vez, como se sente.
«Já li quem falasse mal disso, como se faltasse aquela combatividade do mundo anglo-saxão», diz. «Acham que aqui todo o mundo é muito simpático - o que soa como uma espécie de corporativismo. No Brasil, somos diferentes.»
Ele auto-ironiza a sua omnipresença na imprensa. Ri de quem o critica por dar opinião sobre tudo. E afirma gostar mais de falar sobre política do que sobre música.
Por isso, não deixa de opinar sobre as polémicas recentes, como a aparente movimentação para derrubar Ana de Hollanda do Ministério da Cultura.
«Sou totalmente pela permanência dela no ministério», diz. «O que está a acontecer, com tanta intensidade e tanta presença nos media, é resultado da visibilidade que o MinC ganhou desde a gestão Gil. O facto de Ana de Hollanda ter entrado fez e está a fazer com que essa visibilidade não se apague.»

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