“Teu amadorismo impõe tal carência / Não sou da cadência, não sou de valor / Você é rara, no mundo / Só dance essa valsinha se preciso for …”
A 12ª canção do CD intitulado “Mais uma Página” da cantora Maria Gadú
lançado pela Som Livre trás estes versos nas vozes de Gadú e do cantor
expoente da nova geração do fado portugues: Marco Rodrigues, que nos
chega aos ouvidos da maneira mais sublime e bela.
Confesso que demorou a me mover em direção a este trabalho de Maria
Gadú, talvez por conta da mega exposição que a cantora sofreu assim que
foi lançada e o trabalho seguinte, em parceria com Caetano Veloso, me
deixou bem retiscente em relação a cantora. Puro preconceito.
A bobagem foi tamanha que desde a primeira audição do CD “Mais uma
Página” o deslumbramento e a identificação com cada faixa que ouvi deste
belissimo trabalho me deixou estufetado e feliz ao mesmo tempo. E que
arrependido, afinal, sei bem que “preconceitos” devem ser jogados no
lixo!
Mas me redimo nestes parcos escritos... Este trabalho mostra que Maria
gadú sabe bem onde quer chegar. Ela está construindo uma obra com um
registro só seu, e percebo que está confeccionando aos poucos uma
carimbo com sua assinatura que já já vai ser daqueles carimbos eternos
que nossa música tão bem conhece.
Compositora excelente e cercada por um pessoal bacana que corre atrás do
céu infinito da MPB, este disco traz regravações primorozas de canções
consagradas, caso da comovente canção de Caetano Veloso, “ORAÇÃO AO
TEMPO”, durante toda a década de 80 esta canção acompanhou minha vida, e
agora renasce comovente na voz de Maria Gadú.
E ainda no quesito regravações este CD trás “AMOR DE INDIO”, de Beto
Guedes, que coloca a cantora em sintonia plena com o Clube da Esquina,
alias, ao meu ver, sintonia muito maior do que com o povo da tropicalia.
A canção primeira do CD arrebatou de forma plena e permanente e já toca
permamentemente dentro de mim. Ultimamente poucos são os novos versos da
MPB que me tocam e estes já se eternizaram dentro de mim “... Mais uma
página do mesmo livro / Mais uma parte da mesma história / Mais uma
telha do mesmo abrigo / Mais uma bênção da mesma glória...”